Ť Dos poemas Ť
Ť Fernando Pessoa Ť
Navidad
Nace un dios. Otros mueren. La Verdad
ni vino ni se fue: el Error cambió.
Tenemos ahora una distinta Eternidad,
y fue siempre mejor la que pasó.
Ciega, la Ciencia la inútil gleba labra
Loca, la Fe vive el sueño de su culto.
Un nuevo dios es sólo una palabra.
No busques ni creas: todo te es oculto.
Natal
Nasce um deus. Outros morrem. A Verdade
Nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra Eternidade,
E era sempre melhor o que passou.
Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.
Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.
Um novo deus é só uma palavra.
Não procures sem creias: tudo é oculto.
¡Tan pronto pasa todo lo que pasa!
¡Muere tan joven ante los dioses todo
lo que muere! ¡Todo es tan poco!
Nada se sabe, todo se imagina.
Rodéate de rosas, ama, bebe
y calla. Lo demás es nada.
ŤŤŤ
Tão cedo passa tudo quanto passa!
Morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tao pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.